segunda-feira, novembro 03, 2008

História de uma foto

A foto que coloquei no cabeçalho foi tirada por mim ou pela minha mulher numa das mais arrepiantes viagens de avião que fiz.

Antes de mais, as apresentações. Aquela paisagem que se vê lá em baixo é a paisagem vulcânica da Ilha do Fogo, em Cabo Verde, uma ilha linda, pobre, limpa, simples e simpática.

Em Agosto de 2007 estive de férias em Cabo Verde, na ilha do Sal e num dos dias resolvemos visitar uma outra ilha do arquipélago. A minha mulher queria a Ilha de São Vicente, pela cidade da Praia, a capital e eu queria a Ilha de São Vicente, por Mindelo e pelas mornas. Acabámos na Ilha do Fogo por ser a única com lugares vagos no avião. Valeu a pena. E bem.


A viagem, que durava cerca de 45 minutos, mas já nem disso tenho a certeza, foi feita num daqueles aviõezinhos de hélices com 18 lugares em que o piloto e a co-piloto, os únicos tripulantes da dita máquina voadora, à entrada, escolhem os lugares das pessoas, conforme o seu peso, de modo a que o avião vá bem equilibrado.

A viagem para lá correu sem problemas. Dos lugares dos passageiros vêem-se os pilotos e tudo parecia calmo. O piloto fazia lembrar o Robert Redford e a co-piloto uma outra actriz negra cujo nome não me lembro. Portanto uma dupla cinematográfica nos comandos do nosso aviãzinho. Aterragem impecável e desembarque num aeroporto tipo estação de comboios de Alfarelos, só que limpa.



Fizemos o nosso passeio pela esplendorosa Ilha, e na volta embarcámos no nosso avião, onde nos aguardava a nossa simpática tripulação. A viagem começou com uma descolagem, talvez devido às dimensões reduzidas da pista, de arrepiar, até os pelos das virilhas, mas isso foi só o início e passou muito rápido. Logo estávamos por cima das nuvens num voo que esperávamos, calmo.

Lá no alto, no meio de imensos poços de ar e nuvens o “bicho” abanava por todo o lado e a tripulação parecia nervosa. A co-piloto abria e fechava a mala nervosamente e consultava uns cadernos que eu imaginava serem as instruções do avião e ambos conversavam imenso, comparativamente com o que tinham feito na viagem anterior. Para ajudar à festa o avião estava cheio de moscas e o próprio piloto passou a viagem a tentar esborrachá-las contra os vidros do avião, enquanto largava os controlos do mesmo. Chegou a abrir as janelas, numa tentativa desesperada de expulsar as moscas mais teimosas, ou melhor, numa tentativa desesperada de expulsar as moscas que se recusaram a deixar-se esborrachar contra um vidro de um qualquer aviãozeco.


A viagem foi um sufoco. Durou uma eternidade e quando aterrei, saí cá para fora, dei umas palmadinhas no lombo do avião e prometi que nunca mais pôr os pés numa coisa daquelas. Mas já foi há tanto tempo… Se a viagem valesse, até punha... Punha com certeza.

Foi assim que apareceu esta foto, que agora me lembro, não fui eu que tirei. Primeiro não ia na janela, depois tremia demais. Nunca ficaria assim, nítida.: )

3 comentários:

  1. Gostei de ler a história da foto do teu blogue. Eu também ando a contar a história do meu blogue.
    Eu gosto mesmo muito de histórias. Dá para perceber? :)

    ResponderEliminar
  2. Adoreiii a história da foto!
    E pensando bem, não estou com tanta vontade assim de viajar. rsrsrsrsrs
    Os lugares que visitamos sempre compensam pela beleza, apesar das moscas.
    :)

    ResponderEliminar
  3. O que tu me divertes com as tuas histórias LOL, LOL...gostei especiamente da parte de "esborrachar" as moscas...LOL

    ResponderEliminar

Dúvidas existênciais

Serei assim tão desinteressante? Sei que não sou uma pessoa cativante, pelo menos numa análise superficial, mas será que perco assim tanto p...